100 escovadas antes de ir para a cama...

Sei que deveria ter reformado isto aqui...

Mas ainda não deu tempo. E ninguém lê mesmo...

Mas fica aqui um desabafo: Agora entendo muitas coisas referentes às meninas / mulheres que passaram na minha vida. Como?

Estava na aula da faculdade, e uma amiga resolveu pegar um livro inusitado que já foi best-seller em seu país de publicação: 100 escovadas antes de ir para a cama. Quando vi o livro - confesso - fiquei curioso. Muito. Afinal, o título em si sugere algo de duplo sentido. E não, não é malícia. Mais tarde, entenderemos...

Pois bem. Então insisti para minha amiga que queria lê-lo. Ela iria continuar "Anjos e demônios", porque então levaria o outro para ler também no mesmo dia? Então, trouxe o livro de título curioso e comecei a folheá-lo no ônibus mesmo.

A narrativa começa de forma incomum. Muito. Mas nas primeiras páginas, depois de pouco conhecer a Melissa, protagonista da história, já comecei a ver a que o livro se referia.

Melissa - o que, por incrível que pareça, não é pseudônimo - é uma jovem que começou a escrever o livro/diário em 2000, quando tinha apenas 14 anos.

Segue abaixo a descrição de capa do livro.

O relato com as experiências sexuais da adolescente siciliana que se transformou num dos maiores fenômenos literários da Itália No inverno europeu de 2002, longe dos olhos da mãe e do pai, a jovem italiana Melissa Panarello começou a escrever um diário em que relatava, sem pudores e meias palavras, as precoces e variadas experiências sexuais vividas por uma colegial entre os 15 e os 16 anos. Publicado em junho de 2003, Cem Escovadas Antes de Ir para a Cama já vendeu mais de meio milhão de exemplares na Itália, e teve seus direitos de tradução negociados em 24 países. A história de Melissa começa quando ela perde a virgindade aos 15 anos de idade. A descoberta de um mundo novo e diferente, o desejo de amar e se sentir amada e a ilusão de encontrar este sentimento através do sexo. É esse o ponto de partida para um relato que mistura de forma provocadora ficção e realidade, num vasto e surpreendente rito de iniciação sexual. Durante dois anos a protagonista do livro experimenta as mais diferentes práticas sexuais, como se desejasse, através delas, transcender o corpo. Sexo grupal com desconhecidos, orgias regadas a drogas, sadomasoquismo, homossexualismo: nada detém sua curiosidade, mas seu prazer é tingido de repulsa e insegurança. Em sua busca desenfreada, Melissa acaba caindo em um túnel escuro de humilhação e dor, onde se arrisca a perder para sempre aquilo que tem de mais precioso: ela mesma. Antes de dormir, Melissa escova cem vezes os longos cabelos, num ritual de purificação quase infantil que constitui, para o leitor, o único lembrete de que se trata, afinal, de uma menina. Um dos motivos que transformaram Cem Escovadas Antes de Ir para a Cama em sensação literária foi a tênue fronteira entre autora e personagem. Além de compartilhar com sua protagonista o nome, Melissa, a jovem autora afirma ter vivido todas as experiências narradas, trocando apenas nomes e datas. Características que fazem de seu relato uma visão da adolescência em um país onde o sexo ainda é cercado de tabus, e um retrato revelador da sexualidade neste começo do século 21. Melissa Panarello cultiva desde a infância uma amorosa relação com a literatura. Na adolescência descobriu as obras eróticas de Jane Austen, Honoré Balzac, Sade, J.T. Leroy, entre outros. Escrever este livro funcionou como uma espécie de catarse para ela, uma necessidade que sentia de falar de suas experiências para poder separar-se radicalmente do passado. Melissa tem hoje 18 anos e vive em Catânia, na Sicília. Então, depois de ler o livro propriamente dito, comecei a entender pessoas que conheci durante a minha vida. Muitas Melissas estão por aí, desejosas de se apaixonar, mas não acreditam que o amor é um sentimento lindo. Mais: não acreditam que não precisam passar por nada dessas aventuras para ter "experiência", e sim muita maturidade, que não se adquire como a Melissa adquiriu. O livro narra coisas assombrosas, que muitas adolescentes já devem ter imaginado, enquanto desejo carnal, mas nunca consumaram por medo. Mas para quê ter medo? A sociedade não prega que devemos nos entregar ao prazer, e como a própria autora afirma no livro, "Quando há prazer, não deve ser errado". só que, às duras penas ela descobre que não é bem assim. Aliás, não é assim mesmo. Porque eu, um homem, ser que deveria na verdade aproveitar esta linha de pensamento e ter à disposição várias Melissas, que acreditam estar fazendo o que querem com seus corpos, se dando ao prazer sem culpa - quando na verdade, estão à procura de amor, de serem amadas e acham que isto que sentem necessidade de ter é, na verdade, uma incansável vontade de sexo, de desejo - deveria me repugnar com isso? Me repugno porque não quero para ninguém o que ela teve de passar, os vários embates com o próprio ser para tentar explicar ou resumir aquela vontade de apenas 'se dar', sem saber muitas vezes porque fazia aquilo, e se olhar depois no espelho se sentindo suja... Já escutei vários relatos assim, já fui também como os personagens que passaram pela vida de Melissa, não se importando com que estava, apenas saciando a si próprio. Somente no final é que nossa autora consegue achar uma pessoa que a ame sem se importar com os ímpetos anteriores, o passado de Melissa e a ama. Como ela relata que achou o amor que desde o início deveria ter preenchido seu ser, e era mais simples do que imaginava. Que agora, não volta pra casa se ocultando da mãe porque estava com "o corpo sujo de vários fluidos de várias pessoas e a alma vazia". Agora ela chega como princesa, o cabelo arrumado e feliz por ter alguém que queira o "além de mim" que ela possui. No final das contas, não recomendo que leiam o livro, pois, para algumas pessoas, pode despertar a curiosidade - o que a própria autora afirma ser perigoso. E não, não precisamos passar por experiências estranhas para amadurecer. O amadurecimento, na verdade, é apenas o que podemos aproveitar de certas experiências. O livro virou best-seller porque, afinal? AS aventuras que provocariam imaginações das mais férteis descambam em um só lugar: amargura, vazio. Mas existem milões de best-sellers  passeando entre nós, que apenas se dão, que vivem achando que é intenso, mas este intenso só esconde o vazio do ser de cada um, nunca o preenche. E nem o preencherá, pois não é assim que se resolve 'este vazio'. 4 letras cabem certo neste espaço: DEUS.